O GROTESCO E A COBERTURASempre considerei de mau-gosto a preferência das editorias de política por imagens, no mínimo, desconcertantes dos personagens do noticiário. Por que, por exemplo, publicar uma foto do Gilberto Gil fazendo careta em vez de discursando, cantando, o que seja?
É fato que o gosto pelo grotesco faz parte da psique humana, como nos ensina a psicologia, mas séculos de processo educativo (ou repressivo, que seja) fez com que a sociedade ocidental (não posso falar pela oriental) criasse alguns limites a essa característica de nossa mente.
Ontem, 5 de agosto, o
Diário do Nordeste ultrapassou um desses limites. O modo como os candidatos foram apresentados no infográfico sobre o resultado da primeira pesquisa Ibope/Verdes Mares foi não apenas de mau-gosto, mas ofensivo, desrespeitoso.
Optou-se pelo mais fácil em detrimento de um trabalho mais bem elaborado e executado (caso dos candidatos de papel de
O Povo). Até mesmo a utilização das surradas caricaturas poderiater resultado em algo esteticamente mais aceitável.
A manipulação da foto da prefeita-candidata Luizianne Lins, de tão
trash, acabou deixando-a a cara do Sloth do filme
The Goonies, título bastante familiar aos telespectadores da
Sessão da Tarde e do
Cinema em Casa.
É de lamentar.

Inspiração? Imagens: Reprodução
Agora vou entrar na área que anda me fascinando cada vez mais nos últimos meses: o design
de jornais.O PACOTE DA INFORMAÇÃO
Quanto ao seu caráter informativo, o infográfico apresentado pelo
Diário continua pecando. Ao tentar fugir das representações tradicionais dos resultados das pesquisas, o jornal da família Queiroz optou por utilizar uma tabela onde os números obtidos por cada candidato é representado por bonequinhos. Quanto mais bonequinhos, mais intenção de voto. Entretanto, em vez dos bonequinhos estarem todos juntos e os de cada candidato com uma cor diferenciada (como nos gráficos utilizados para mostrar a divisão dos assentos do Congreso), os bonecos estão numa tabela. E não é de hoje que os
designers de informação sabem que as tabelas não são a melhor maneira de representar pesquisas de opinião.
Hoje, o
Diário insistiu nas tabelas. Um exemplar imenso ocupava cinco colunas da página 6. O resultado visual foi algo parecido com indicadores econômicos e que não "convida" o leitor a conhecer os dados. O leitor escaneador (
scanner), então, dificilmente se detirá em algo tão confuso. Não houve a devida preocupação com a
readability (não sei traduzir; seria algo como "leitura") da peça.
Enquanto isso, o jornal
O Povo consegue um resultado muito superior utilizando o super tradicional gráfico de pizza.
Infográfico do dia 5: Fotos grotescas e apresentaçao deficiente. (
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Tabela do dia 6: Confusão (
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O Povo: Pizza ainda é mais eficiente. Imagens: Reprodução (
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No
clipping do E-leitor você encontra todas as matérias sobre as eleições deste ano em Fortaleza publicadas pelos jornais
Diário do Nordeste,
O Estado e
O Povo, e também por portais de nacionais, desde o dia 1º de agosto.