sexta-feira, 15 de agosto de 2008

51 dias: Moroni dispara no Vox Populi



A última pesquisa do instituto Vox Populi contratada pela TV Jangadeiro sobre as eleições deste ano em Fortaleza mostra a dinâmica das eleições municipais. Em menos de duas semanas, Moroni Torgan (DEM) creceu oito pontos, indo de 27% para 35%. Com um crescimento acima da margem de erro de +/- 3%, pode-se dizer que o democrata tem uma liderança mais sólida em relação às duas pesquisas anteriores, onde dividia tecnicamente a primeira posição com a prefeita-candidata Luizianne Lins (PT). A pestista manteve-se estável, com uma variação negativa de apenas um ponto (de 27% a 26%). Já a terceira colocada, Patrícia Saboya (PDT), se distanciou do dois primeiros, caindo quatro pontos (de 23% para 19%), ficando sete pontos atrás de Luzianne.

Com os três primeiros candidatos concentrando 80% das respostas dos entrevistados, o andar de baixo, que concentra seis candidatos (mais dois impugnados que estão recorrendo das decisões), fica muito embolado, com os postulantes a prefeito variando de 0% a 2%. Devido aos índices inferiores à margem de erro, não é possível considerar seriamente os movimento ocorridos entre esses candidatos, como a queda de um ponto sofrida por Renato Roseno (Psol) e Neto Nunes (PSC), que estavam com 2% nas duas primeiras pesquisas e agora estão com 1%. O deputado estadual Adahil Barreto (PR), que cravou 1% nas duas primeiras sondagens, nesta igualou-se a Aguiar Júnior (PTC) e José Carlos Vasconcelos (PCB) ao não pontuar. Já Luiz Gastão Bittencourt (PPS) manteve-se com 1%.

Como última observação pode-se perceber que o eleitorado parece decidir-se. Na pesquisa desta semana, apenas 8% não sabiam quem escolher ou não responderam.

O gráfico abaixo demonstra a evolução dos candidatosnas três primeiras pesquisas Jangadeiro/Vox Populi:




ATUALIZAÇÃO
Gráfico com a variação dos candidatos nas duas últimas pesquisas:


(clique nos gráficos para ampliá-los)

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A fumaça negra da contracampanha


A equipe de E-leitor esperava que esse tipo de prática fosse acontecer com maior intensidade apenas daqui a algumas semanas, quando estivéssemos mais próximos do auge da campanha. No entanto, novas ações de contracampanha já vêm acontecendo em Fortaleza. A primeira delas vista pela nossa equipe aconteceu no cruzamento das avenidas 13 de maio com Universidade, no primeiro semestre desse ano. A panfletagem do Movimento dos Eleitores de Luizianne Arrependidos (Mela) contra a gestão da atual candidata Luizianne Lins (PT) era confusa.

Na época, após termos recebido o material que distribuíam, questionamos e algumas das pessoas que participavam do movimento não souberam explicar com clareza o porquê de estarem ali. Quando questionados sobre algum apoio político ou responsabilidade pelo movimento, respondiam que aquela era uma ação dos próprios eleitores. Sem referência para contato com alguma liderança do movimento, o melhor que pude conseguir sobre o grupo foi uma notícia no site do jornal O Povo e alguns comentários em páginas de notícias, a maior parte assinados por Edivaldo Diogenes (um notável comentarista de notícias em páginas jornalísticas), que já em 2007 antecipavam seu surgimento.

Hoje fui surpreendido por notícias nos jornais Diário do Nordeste, O Estado e O Povo sobre cerca de oitocentos cartazes e cem outdoors espalhados na nossa cidade. Assinadas por um grupo autodenominado Convenção de Ministros das Assembléias de Deus Unidas do Estado do Ceará (Comanduec), as peças exibem a mensagem "Luizianne é contra a bíblia e o povo de deus" e foram fixados em diversos lugares da cidade, como nos muros das Avenidas Domingos Olímpio, José Bastos e Dedé Brasil, segundo a matéria do Diário do Nordeste.

Desta ação, o que mais me assustou foi a grandiosidade.
Oitocentos cartazes. Cem outdoors. Espalhados por Fortaleza.
Isso custou quanto?

Não acredito que estas ações tenham sido espontâneas do eleitor. Se fossem, certamente contemplaríamos cartazes, outdoors, panfletagens e caminhadas fora do período próximo das eleições. E se realmente fossem, seria bom ver todo esse engajamento pelas ruas, imaginem só!

Notando a confusão de quem representa essas duas ações (observadas também nas matérias sobre o assunto publicadas no Diário do Nordeste e no O Estado) se torna evidente: isso é provavelmente contracampanha.

Ações de contracampanha só tendem a espalhar caos na cabeça do eleitor menos informado e desordem no cenário de campanha. É como jogar uma "bomba de pânico" na cidade. A regulamentação da propaganda eleitoral existe para possibilitar ao eleitor ser informado de que aquilo que ele está lendo, ouvindo, assistindo ou recebendo é propaganda eleitoral, seca e objetiva.

Não estou aqui pregando que ninguém mais tem direito de manifestar sua opinião e se organizar pra isso. O que quero deixar aqui é uma espécie de insatisfação tal qual sinto quando, sem querer, acabo consumindo alguma peça publicitária de marketing viral, por exemplo. Seguir a lei e fazer a propaganda eleitoral nos moldes oficiais estabelecidos torna tudo mais óbvio, evitando possíveis enganos para essa escolha tão séria que é o nosso voto.


Notas:
* A tal Convenção de Ministros das Assembléias de Deus Unidas do Estado do Ceará (Comanduec) não possui site e nem contato fácil. Uma busca rápida no google revelou um post do blog de política do O Povo noticiando a distribuição de 500.000 cartilhas pela Comanduec pedindo votos a candidatos, entre eles o ex-governador Lúcio Alcântara e o candidato Moroni Torgan (DEM), na época candidato ao senado. O post está sob o título "Religião e Poder" e pode ser lido aqui.

* Citada neste post, a matéria do jornal O Estado obteve uma apuração que resultou num diferencial entre o que foi noticiado entre os jornais locais. Revelou que no cruzamento das avenidas Domingos Olímpio com Aguanambi, a ação de fixagem dos cartazes da COMANDUEC foi feita às duas da manhã e de maneira rápida. Também relata um curioso incidente durante o contato com o grupo.
 
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