domingo, 31 de agosto de 2008

35 dias: Três campanhas; incontáveis desafios



Hoje o E-leitor traz um artigo de Geimison Maia, também estudante do 4º semestre de Jornalismo da UFC.


Bom, o meu primeiro comentário neste blog será sobre os números da pesquisa Datafolha, na disputa pela prefeitura de Fortaleza. Sei que esta análise está totalmente atrasada e por dois motivos: 1) pela fala de tempo deste ilustre (?) comentarista e 2) porque estava esperando as mudanças nas campanhas após a divulgação da pesquisa.

Vamos analisar as campanhas de Luizianne (PT), Moroni (DEM) e Patrícia (PDT).

Antes, os números da pesquisa Datafolha, estimulada.


Estimulada - 1º turno // Os demais candidatos não pontuaram
 


Margem de erro: +/-3%


LUIZIANNE LIDERA
O crescimento de Luizianne (PT) foi expressivo, acima da margem de erro. Na 1ª semana de campanha eleitoral, a candidata conseguiu se reabilitar diante do eleitorado. Cresceu e lidera em quase todos os segmentos em que a pesquisa é dividida. Destaque para queda entre o eleitorado de nível superior.

Qual o segredo do sucesso? 1º) A candidata fez em uma semana o que não fez em quase quatro anos de governo: defender sua gestão. Porém, se Luizianne quiser se manter forte, terá que ir além disso. Precisa apresentar para a população as suas propostas para os próximos quatro anos. E, para isso, não pode só prometer a conclusão das obras iniciadas na sua primeira gestão. 2º) Luizianne fez uma campanha melodramática na 1ª semana de horário eleitoral. Campanha melodramática sempre dá certo. Os marqueteiros sabem disso. Duda Mendonça é o marqueteiro de Luizianne. Duda Mendonça foi o marqueteiro de Lula. Marqueteiro é aquele que cuida do marketing, da imagem, das aparências do candidato.


MORONI DISPOSTO A CORRER RISCO
Moroni (DEM) se manteve estável. Destaque para os votos que ganhou na classe média-alta. Provavelmente por influência do seu vice, Alexandre Pereira, que representa a classe empresarial. Na primeira semana de campanha, deixou de lado as críticas à candidata Luizianne Lins, quadro que começa a se reverter. Se não atacar a candidata da situação, deverá se manter estável durante toda a campanha, com uma leve tendência de queda. Cenário perigoso para Moroni. Se resolver atacar Luizianne pode ganhar votos. Como também pode perder. Parece que o candidato está disposto a correr esse risco.

Apenas um detalhe interessante: reparem como a campanha de Moroni está parecida com a campanha de Lula em 2002. Depois trataremos disso com mais profundidade.


PATRÍCIA MELODRAMÁTICA
Destas três campanhas, a de Patrícia (PDT) foi a que se mostrou menos eficiente, apesar da sua oscilação ter ficado na margem de erro. Caiu em quase todos os segmentos. Seu eleitorado mais forte é o de classe alta, acima de 10 salários mínimos. Ela precisa, em um curto prazo, ganhar votos, principalmente na classe média. Seu único crescimento acima da margem de erro foi entre o eleitorado jovem, provavelmente motivado pela grande presença deste segmento na sua propaganda eleitoral. Considero que o maior erro de Patrícia foi o de dedicar tanto tempo para atacar à candidata Luizianne Lins. Patrícia também precisa ampliar as suas propostas para a cidade e sair da campanha de uma nota só: a saúde.

Na sexta-feira (dia 29) a candidata chorou enquanto falava da sua luta contra a exploração sexual de crianças e adolescentes. Apesar de acreditar nos bons sentimentos da candidata, esse tipo de propaganda sempre soa falso, forçado. Porém, não deixa de ser uma campanha melodramática. E campanha melodramática sempre dá certo. Os marqueteiros sabem disso...

Sou capaz de apostar 50 centavos como Patrícia irá crescer na próxima pesquisa.

3 comentários:

  1. Será que campanha melodramática sempre dá certo mesmo?
    O candidato não pode é ficar marcado como "chorão" e pronto?

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  2. Além disso, campanha "de uma nota só", como disse o Geimison, empobrece demais a campanha. A cidade não se resume à saúde... Até o slogan (Ação, saúde e respeito, assim Fortaleza tem jeito) da Patrícia mostra que a maior preocupação dela é o sistema de saúde... muito pouco para uma cidade com quase 2 milhões e 500 mil habitantes e diversos problemas que precisam ser solucionados.
    E melodrama... ficar fazendo "chantagem emocional" do tipo "estou sendo censurada!" só comove temporariamente o eleitor. Quando este percebe que tais argumentos são usados para cobrir a falta de conteúdo do candidato, vai em busca de alguém com um projeto para o crescimento da cidade.

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  3. Ótima colocação Neves!

    Quem me conhece, sabe que eu tenho uma certa tendência a comenter exageros, como o de dizer que TODA campanha melodramática dá certo. Coloco a seguir dois casos em que ela pode ter um efeito contrário:

    1) Não se pode abusar desse tipo de artifício. O candidato que utiliza demais o melodrama terá um resultado diferente do que esperava. Se chorar todos os dias, será considerado um chorão mesmo. Agora, se usado na medida certa, normalmente consegue alguns votos a mais

    2) No caso de candidatos do sexo masculino, fica ainda mais difícil utilizar o melodrama, devido ao machismo enraizado na nossa sociedade. Porém, não é impossível. O Presidente Lula, por exemplo, utilizou esse tipo de artifício durante a sua campanha, em 2002. Com muita cautela, claro.

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